sábado, 28 de junho de 2008

Sonhos


Jamais abdicarei de sonhar. É no sonho que me identifico com o Eu que insisto ser.
É no poder de construir os meus sonhos que encontro a minha existência e renuncio à sua extinção.
Embora a morte seja, por vezes, sonho sedutor protelarei a sua chegada. Aguardarei serenamente, contemplando do alto deste castelo de ideais que ainda não realizei, a sua lenta progressão sem temê-la.
Magníficos serão meus sonhos, mesmo de sóbria dimensão, porque não é a sua amplitude que os dignifica. Serão grandiosos porque o sublime não tem padrão. E serão consequência do meu consciente porque não necessito entorpecer os sentidos para abrigá-los.

Momentos de Busca


Maria José, que continuas a procurar? Sabes que não existe!
Olha-te no espelho e não te iludas. Que podem querer de ti?
Não procures a resposta que sabes te vai magoar.
Agarra o que tens e, Vive, por pouco que te pareça.
Não ambiciones o que não está ao teu alcance.
Seca essa lágrima teimosa e sorri.
Ri de ti. Ri dos que de ti riem.
Ri, simplesmente, não procures motivos para fazê-lo.
Duvida sem desconfiares... acredita sem ingenuidade.
Sê tolerante, mas não toleres a intolerância.
Abomina o preconceito e dignifica a tua Vida, vivendo apenas.
Vive... foi para isso que nasceste!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Momentos Virtuais (hi5)

Que faço aqui neste estranho mundo de sentimentos que não vivo, de sorrisos que não vejo, de vozes que não ouço?
Quem me chama de amiga sem ver o meu olhar, sem sentir a força do meu abraço?
Aqui, sou o que quero mostrar, sou um poço de virtudes. Os defeitos deixo-os no mundo real, onde descarrego a raiva e as frustrações.
Aos que me vêem sem esta máscara eu não chamo de amigos. Olho-os sem ouvir as frases bonitas que aqui me são deixadas, porque no mundo real não há tempo para dizê-las, menos ainda, senti-las.
Aqui, onde o Sol não entra e a Lua não brilha, vivo ofuscada por luzes enganosas que me desviam os sentidos e ludibriam os sonhos.
Aqui, fantasio a beleza que não tenho e finjo acreditar que o mundo é perfeito. Sinto-me protegida, inatacável.
Neste mundo só entra quem deixo entrar. Não sofro a dor da rejeição.
Engano meu. Também existe sofrimento virtual, já o senti, continuo a senti-lo, sempre que passo esta porta e não me esperam as palavras que pretendia ler, as frases que queria “ouvir”.
Tudo porque acreditei.
Quase todos, os que por aqui andam, têm sentimentos reais e, certamente, sentem e pensam do mesmo modo.
Nesta fábrica de amigos, rabisco o que ninguém lê e não leio tudo o que me é enviado, porque os “amigos” são cada vez mais numerosos e não há tempo para lhes dedicar. Para os amigos o tempo que lhes emprestamos é precioso. É preciso dizer: “Tenho todo o tempo do mundo”. Não posso atraiçoá-los nem deixar que me enganem. Assim, não vou mentir-lhes, não vou dizer-lhes que podem contar comigo incondicionalmente porque não estarei a dizer-lhes a verdade. Mesmo virtualmente preciso manter-me fiel aos meus princípios.
Afinal a quem chamo de amigo?
A ti, que não vês as lágrimas que rolam no meu rosto quando a tristeza invade o meu coração, que não ouves o meu riso quando, alegremente, agradeço mais um dia que decorreu sem conflitos nem a raiva das minhas palavras quando me sinto injuriada?
A ti que, simplesmente, não sei quem és nem onde estás poderei confiar um espacinho do meu coração e chamar-te de amigo? Será o meu coração tão espaçoso que possa acolher-vos a todos?
A ti, que não... que sim... que talvez!
Que controverso e estranho mundo este. Mundo que elegi, pelo qual optei. Um mundo paralelo àquele que me foi imposto e decretado que terei de viver com regras das quais discordo, regras ditadas por uma elite que não sai à rua onde a vida acontece. Preceitos que não tem de cumprir porque não os fez para si. Princípios com leituras diversas, que cerceiam a liberdade de uns e a devolvem a outros porque a própria liberdade não é natural, é controlada, se assim não fosse não necessitaria de ser reclamada.
Dois mundos que se conturbam e nos confundem.
Não posso ceder ao encantamento de viver neste mundo de fantasia. A vida é uma só e não pode ser aprisionada em mundos fictícios.
Não quero insistir em encontrar-me com “amigos” que não vejo e que não sinto. Se amigos tiver, terão de caminhar a meu lado, chorar as minhas lágrimas, rir as minhas gargalhadas. Onde estão? Olho e a meu lado só caminha a minha sombra, mas insisto na busca porque aqui os sentimentos, aparentemente virtuais, talvez sejam tão reais quanto os meus. Preciso continuar a acreditar!

Palavras... perdidas?

As palavras que te dei
Não sei onde as guardaste
Sei de onde sairam
Só para ti
Que sem dizeres
Me pediste que escrevesse

Foram escritas com a pena de uma pomba
Branca e imaculada
Em páginas cor de luar
Sabor de mar e mel
Tons de azul do céu

Continham incensos vários
Rituais divinos
E a essência mais pura
Dos sentidos

Eram palavras de Amor...

Momentos... Perdidos


Lembras-te da chamada pedida ao destinatário, como sempre fazias e eu não conseguia recusar, naquele primeiro fim de semana de Maio? Querias falar comigo, como acontecia quase todos os fins de semana daquele teu último ano, e eu não fui, não sabia que era o derradeiro pedido que me fazias.
Não imaginas a angústia que, ainda hoje sinto, quando me lembro. Eram só duzentos quilómetros que nos separavam, agora é a distância do tempo que me falta para ir ao teu encontro.
Não calculas como é doloroso pensar em tudo o que ficou por dizer. A culpa de não ter chegado a tempo de te dizer adeus.
É tarde para lamentar, eu sei, mas hoje pensei nos momentos que continuo a perder, nas coisas que deixo por dizer e invade-me o medo de, novamente, deixar partir alguém sem me despedir.
A ti, meu irmão, já não posso dizê-lo, mas outros há ainda, a quem preciso dizer o quanto são importantes para mim.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Do baú... Momentos para mais tarde recordar?

Se recordar é viver
Porque sofro eu então
Ao lembrar cada momento
Que vivemos com paixão

Recordo com saudade
Teus gestos...
Teu carinho...
E sinto-me morrer
Quando cruzo o teu caminho

Vou deixar passar o tempo
Esperar... o esquecimento
E se mais tarde recordar
A tua voz...
O teu olhar...
Saberei então dizer
Se recordar é viver


quarta-feira, 25 de junho de 2008

Momentos e Silêncios




Ali, onde sempre te esperei
No espaço entre o céu e o mar
Onde os meus sonhos habitam
Onde defini a cor dos teus olhos
São teus os passos que escuto
Na noite que o sono esqueceu
É tua a voz que murmura
Que o Sol já despertou e o dia me espera
Sem que me esperes

Chamei por ti, não ouviste
Guardo já as palavras que te dei
Sem saber que lhes fizeste
Resististe
Se venceste nunca saberei

Mais nada quero saber
Porque foi no silêncio que mais disseste
E em silêncio nada mais direi

...

ACA - CPJ

Mais um Retalho...
Outros momentos que a vergonha guardou.
22 de abril de 2007
Centro de Promoção Juvenil. Esse nome já me soava nos ouvidos quando deixei esta casa, ainda com o nome de Albergue das Crianças Abandonadas.
Quantas vezes bordei a ponto cruz as iniciais A.C.A.! Quantas lágrimas me rolaram no rosto pela vergonha que esse nome ainda me faz sentir!
Quantas vezes pensei voltar a subir aquela rua íngrime e passar aquela porta pesada e enorme, rever cada canto... a minha primeira sala de aulas, os quatro dormitórios, o "ginásio" enorme com a sua imensa clarabóia e o chão frio, onde me sentei no primeiro dia, um dia do mês de Outubro do ano de 1965, junto de um grupo de meninas a olhar uma televisão a preto e branco, em absoluto silêncio.
Ali, sentada naquele chão frio, deixei de ter nome, passei a ser mais um número, o 25. Quantas vezes bordei a ponto cruz A.C.A. 25, a minha nova identificação.
Tento lembrar sentimentos de revolta, medo, dor, angústia, ódio... não recordo nada, não posso recordar o que não senti. Nesse dia e nos dias que se seguiram, apenas o vazio e a falta de emoções tomaram conta de mim. Hoje, sinto a dor de não ter aprendido a viver!
Já não sou a 25, tenho um nome, mas ainda associo o 25 ao A.C.A. Está tatuado na minha memória.
16 de Novembro de 2007
Há alguns dias encontrei-me com o passado. Apareceu no meu caminho uma menina de caracóis louros que diz já não os ter, mas é a imagem que dela guardo. Muitas outras memórias encontrei quando falámos. Memórias que julguei perdidas. Pediu-me que não a esquecesse. Prometo que não te esquecerei, de ti não tenho vergonha, só me envergonho de ter deixado que me roubassem os momentos que não vivi.
31 de Maio de 2008
Não cumpri o meu objectivo. Não sei bem porquê. Devo ter sido eu a afastar-me, como quase sempre faço, quando um medo desconhecido me persegue. À menina dos caracóis louros, que diz já não os ter, fiz uma promessa. Perdi-a, mas garanto que não a esqueci. Onde quer que estejas penso em ti.
Perdoem-me as outras meninas, com caracóis ou sem eles, que vão passando naquela casa que ainda sinto um pouco minha. Não vos conheço, mas trago-vos no coração. Perdoem o meu desânimo.

domingo, 22 de junho de 2008

Momento... último

Encontrei-te
Sem saber que te procurava
Pensei ter-me encontrado no fundo do teu olhar
No teu carinho voltei a ser Criança
No teu beijo despertei Mulher
Nas tuas palavras encontrei Paz
No teu silêncio descobri Medo
E nesse medo pressinto Amor
Amor que quero dar-te e tens medo de aceitar
No teu medo
O meu medo cresce
Como cresce a vontade de te amar
Desafio o medo
Que quer calar o que sente o coração
Porque o poder do Amor
É mais forte que a razão

De Neruda com o Teu Carinho

"Dormi contigo a noite inteira junto ao mar, na ilha.
Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Talvez bem tarde os nossos sonos se uniram na altura e no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento move,
em baixo como raízes vermelhas que se tocam.
Talvez o teu sono se separou do meu
e pelo mar escuro me procuravas como antes, quando nem existias,
quando sem te enxergar naveguei a teu lado
e os teus olhos buscavam o agora - pão,
vinho, amor, e cólera - te dou,
cheias as mãos, porque tu és a taça
que só esperava os dons da minha vida.
Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra
o meu braço rodeava tua cintura.
Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.
Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca
saída de teu sono me deu o sabor da terra,
de água-marinha, de algas, de tua íntima vida,
e recebi o teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar que nos rodeia."

Momento seguinte

Ainda guardo
Secas como os teus sentimentos
As rosas que me deste
Na minha pele
Ainda sinto
O toque suave da tua mão
Que incendeia o meu coração
Nos meus lábios
O doce sabor dos teus beijos
As minhas mãos vazias
Procuram as tuas
Em vão
E os teus olhos de cor definida
Entre o céu e o mar
Onde os meus sonhos habitam
Andam perdidos
Por caminhos que desconheço
Em estradas onde não viajo
O medo de te perder
Já perdi
Pois nunca te encontrei
E no cais vagueio
De olhar fixo no horizonte
Na esperança de te ver chegar

Memórias Passadas de Momentos Presentes

As marcas do tempo
Tatuadas no corpo e na alma
Como pedaços rasgados
De dor e sofrimento...
A lembrar cada momento.
Sonhos espalhados ao vento
Como cinzas de fogueiras extintas.
Ser incapaz de alcançar
A satisfação que nunca chega.
Ver passar o tempo
Em eterna espera...
Desespero de tudo querer
E nada ter.
Vida ausente e vazia
Sem viver!
Memórias, desfeitas, no sal das lágrimas.
Caminhos de trevas e medos
E sinais que indicam, a cada instante,
Não ser este o lugar.
Extinguem-se as forças.
Desistir ou prosseguir?!
Seguir neste caminho
Sem destino nem fim...
Ou desistir de tudo
Tão cheio de nada?!
Não distinguir o ontem do amanhã...
Hoje, já é passado.
É tudo tão igual
Sem cor nem cheiro
Sem luz nem brilho
Como um dia de nevoeiro
Esperando um raio de Sol
Tropeçando em todas as pedras
Exausta de tanto procurar
E nada encontrar.

A Tua Presença

Quando Morfeu me envolveu no seu abraço
Levei-te no pensamento

Procurei-te ao despertar
E senti a tua presença

Procurei-te
Como te procuro
Em cada movimento
Em cada local
Em cada pessoa que encontro

Procuro-te
Na multidão e no silêncio

No Sol sinto o teu calor
Na Chuva e no frio o teu aconchego
Na Lua a tua sensibilidade
No Vento escuto a tua voz

Nas minhas atitudes
Procuro a serenidade que me transmites
E nos meus pensamentos
Tento adivinhar os teus

Momentos do fundo do baú (1998)

No meu jardim de ilusões
Nasceu uma nova flor
Tem pétalas de luar
E o perfume do amor
Tão inebriada fiquei
Com perfume tão intenso
Que em teus braços acabei
Perdi a razão e o bom senso
E com isso não me importei
Pois valeu nesse momento
A emoção que vivi
Bateu mais forte em meu peito
Este pobre coração
Fiquei louca de paixão
Fiquei morta de desejo
Quando senti a tua mão
Quando provei o teu beijo
E no meu jardim de ilusões
Muitas flores quero plantar
Com o perfume do amor
E pétalas de luar

Alguns Momentos Depois

Ainda o Sol não acordou
e já sinto os seus raios
iluminarem a madrugada
onde tento adivinhar-te

Procuro desvendar os teus sonhos
e quero neles encontrar-me

Procuro palavras
que definam o que sinto
e não encontro
porque há sentimentos
que não cabem nas palavras

...

Os teus olhos
de cor definida
entre o céu e o mar
onde os meus sonhos habitam
são estrelas
que iluminam a esperança
de alcançar o infinito...
de lhe tocar
sempre que as tuas mãos me acariciam

Nos teus lábios
provo o sal
deste mar imenso
onde navega o desejo
do beijo quente e húmido
que me transporta
ao aconchego dos teus braços
onde quero permanecer
na quietude das palavras
murmuradas ao ouvido
que falam do Amor
que quero contigo fazer
e me faz renascer

Primeiro Momento

Se fores capaz
De transformar as minhas lágrimas
Em sorrisos
Terei a certeza da tua Amizade

Com carinho
Te estenderei a minha mão
E juntos nos ergueremos
Após cada queda

Caminharei a teu lado
Na estrada
Que nos conduzirá ao termo da viagem
Com regresso ao Amor infinito
Porque é lá
Bem no final
Que tudo começa